Ao invés do que se pressupõe com o gravado no frontão da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a mesma não foi criada em 1882, sendo esta a data em que atingiu a altura atual. Nesta comunicação abordamos de forma sintética a história da igreja na Achadinha, desde o povoamento, numa perspetiva de longa duração, não só a sua edificação, reconstruções, ampliações e características arquitetónicas, como contextualizamos as mudanças sociais, de mentalidades e práticas cultuais que ocorreram ao longo dos séculos.
Um primeiro momento prolonga-se até à criação da Paróquia na Freguesia, em que a assistência religiosa era feita por padres visitantes, essencialmente mendicantes,numa sociedade medieval, em que a autoridade espiritual era detida diretamente pelo prior da Ordem de Cristo, até às reformas do Concílio de Trento e a criação do Bispado dos Açores em que os eclesiásticos beneficiados passam a residir onde exerciam as suas funções, altura em que é criada a Paróquia da Achadinha.
A transição para a modernidade que se segue é lenta, numa freguesia insular distante, só se começando a sentir os seus efeitos, bem como os do absolutismo, no século
XVIII, o que é marcado não só pelo combate na mudança das mentalidades, comportamentos, práticas mágicas e heréticas, como pelas remodelações da igreja, que começam, embora tardiamente, a incorporar elementos barrocos.
A revolução liberal, em 1830, marca o fim do antigo regime, em que a escravatura doméstica é definitivamente abolida nos Açores, e a igreja desenvolve-se com as características básicas que se conservaram no decorrer de século XX, até ao Concílio de Vaticano II, quando depois se acrescentam novos corpos arquitetónicos e o seu interior é remodelado com as características que hoje, no essencial, possui.