No final do século a igreja volta a ser alvo de importante reedificação, sendo então alteada até à altura atual, utilizando-se, presumivelmente, a pedra da ermida da S.Bento arruinada, engrossando-se as paredes para maior solidez do edifício, o que é testemunhado na do lado da porta de acesso à Sacristia. As obras foram concluídas em 1882, data que ainda hoje se encontra inscrita no alto do frontão.
A remodelação foi feita, seguindo os antigos costumes, “com esmolas tiradas pelo povo e um subsídio de 600$000 reis votado pelo Estado, permanecendo a torre como estava, pelo que ficou mais baixa que a igreja. A entrada que atualmente dá do corpo para a torre, é a que dava da torre para o telhado da Igreja. A frente foi transformada, tinha uma porta e duas janelas; tem agora três portas e quatro janelas à frente”. Nas paredes laterais abriram-se grandes janelas, melhorando a iluminação do interior da igreja, e é nessa altura que se constrói o corpo do Batistério, copiando-se aí, na sua janela, bem como nas laterais do primeiro andar e na superior, o estilo de arcos em volta perfeita das portas e janelas setecentistas.
As mais recentes obras de restauro, remodelação e ampliação do espaço da igreja ocorreram depois do Concílio de Vaticano II, sob orientação do Pároco padre Higínio, até 1973, altura em que foi colocado um novo sino na torre, pois o anterior estava rachado, tendo sido enviado para Lisboa para fundir o bronze e fazer um novo. Então foi construída a sala que dá acesso à Sacristia, o quarto do Arquivo Paroquial e a Capela do Santíssimo Sacramento ganhou a forma atual, pois antes mais se assemelhava a um altar lateral, como a Capela de S. Francisco.
No interior, seguindo as orientações conciliares foram retiradas a balaustrada, cerca de madeira, que isolava a cabeceira do templo dos paroquianos, onde até então era proibido às mulheres entrarem, e homens só os que acompanhavam os oficiantes religiosos. Criou-se o novo altar mais próximo e direcionado para o público, foram alterados os altares laterais, sendo também a base das paredes interiores e as do Batistério revestidas dos azulejos policromáticos que hoje se apreciam. Os antigos bancos corridos, sem costas são substituídos, deixando as mulheres de se sentarem exclusivamente na nave central e os homens nas laterais.
O teto deixou de ter todas as esteiras que o cobriam ao mesmo nível horizontal, de estuque branco sobre ripas, passando a ser de madeira de três esteiras na nave central e uma de cada lado das laterais, aumentando a volumetria interior do templo. As colunas e arcos que separam as naves, anteriormente revestidas a barro pintado a branco, foram reforçadas com cimento.
Concluindo, o templo em que hoje inauguramos o restauro, não teve sempre as dimensões e características que possui. Várias vezes foi reconstruido e ampliado, quer por arruinamentos provocados por terramotos e outras causas naturais, quer pelo aumento demográfico da Freguesia ou por necessidades funcionais do culto. Sendo nas antigas técnicas de construção, utilizada a de pedra seca revestida a argamassa de barro, o material poderia facilmente ser reaproveitado nas obras posteriores de reconstrução ou ampliação.
Nos séculos passados, como vimos, muitas vezes isso ocorreu. Citando o historiador Avelino Meneses, “A coroa e as populações contribuem para a manutenção do clero e a conservação do igreja, com as receitas dos dízimos para as despesas do foro eclesiástico, contudo, o projeto de maior vulto, particularmente no domínio de construções, solicita-se maior comparticipação da coroa, mas buscam-se fontes
alternativas de rendimento, avultando a utilização de receitas das confrarias, a contratação de empréstimos e até o lançamento de fintas”, com a cobrança de dinheiro ou trabalho, entre os proprietários e residentes locais, conforme as suas possibilidades.
Em síntese, é esta a herança histórica que damos continuidade quando inauguramos o restauro do interior do templo, seus altares e imagens de Santos, desígnio alcançado devido à participação financeira dos contribuintes açorianos, através do nosso Governo Regional (hoje já não recorrermos ao Terreiro do Paço em Lisboa), graças à orientação do Bispo dos Açores, D. António de Braga, e o apoio da Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja e da Ouvidoria do Nordeste, a contribuição da Direção Regional de Cultura, da Câmara Municipal de Nordeste e da Junta de Freguesia de Achadinha, ao trabalho profissional de restauradores, e aproveito a ocasião para prestar homenagem ao mestre Paulo Brasil e sua equipe, e através dele a todos os artistas e pessoas que embelezaram a nossa igreja ao longo dos séculos, e a partir da iniciativa, dádivas, empenho e dedicação dos paroquianos, aqui representados pela sua Comissão Fabriqueira presidida pelo Pároco Padre Valter Medeiros.